24 de setembro de 2008

Quem ama, ama por que?



o que me faz amar um homem


Eu realmente acreditava que o que me fazia amar um homem era a inteligência. Elucubrações e digressões me impressionavam. Conhecimentos literários, artísticos, práticos seduziam a eterna adolescente em mim. Mas descobri que não era isso que me fazia amar: de nada adianta um cérebro invejável, citações brilhantes, se ele não rir das próprias besteiras, se não souber aproveitar as delícias do ócio de um sábado quente. Então percebi: bom humor era essencial.

É delicioso estar com alguém que vive sem arrastar correntes e faz dos pequenos horrores cotidianos inevitáveis piadas. Só que nem tudo é uma piada e, em certas horas, quero alguém que me conforte a alma. Nesses momentos, nada pior do que ser levada na brincadeira - existe uma imensa diferença entre a alegria de viver e a recusa a sair da infância. Então fui invadida pela certeza de que o que me fazia amar alguém era, antes de tudo, a sensibilidade.

Telefonemas de bom-dia, olhares que vêem, pequenos gestos incontidos - tudo o que eu podia querer. Ou quase. Só sobrevive ao meu lado alguém que grite comigo quando eu passar dos limites do bom senso, demonstre desagrado quando eu exigir demais e oferecer de menos. Preciso ser cuidada, mas preciso da certeza de estar com um homem de verdade e não com um moleque preso no complexo de Peter Pan. Quero ser domada, tomada.

Nem inteligência, bom humor ou sensibilidade me faziam amar alguém. Talvez fosse virilidade.

Mal abrir a porta da sala e ser consumida por beijos. Ter a roupa arrancada no caminho da cozinha. Ser desejada com urgência é um dos maiores elogios que uma mulher pode receber, mas só ser desejada de nada adianta: quando acaba o suadouro, o que resta? Se o que interessa é a movimentação, tudo bem. Mas se existe a possibilidade de ser esmagada pelo vazio de sentido após o orgasmo, de nada vale. Pelo menos se não vier acompanhado de cuidado, carinho. Pensei, então, que ele seria a pedra fundamental pra despertar meu amor. Mas carinho é um sentimento abrangente demais: nos invade desde a visão de um cachorro abandonado até a palavra confortadora de um desconhecido.

Um dia, cansei de tentar adivinhar. E, nesse dia, após tantas enumerações paralisantes e neuróticas, descobri. Hoje sei exatamente o que me faz amar um homem: o amor existir.

Quando é necessário justificá-lo, procurá-lo, racionalizá-lo, é sinal de que ele não está ali.

Simples assim.
Ailin Aleixo


Achei esse texto e achei ele certo da primeira até a última linha!

4 comentários:

Camila disse...

As formas como as pessoas entendem o amor são as mais diversas possíveis.Sempre que penso nesse sentimento me lembro daquele texto, "Aprendendo com o Tempo"... Depois de um tempo você aprende a diferença entre dar a mão e acorrentar a alma...Que beijos não são contratos e presentes não são promessas... Para que esperar por flores e cultiva seu próprio jardim.
O amor é o sentimento mais profundo e complicado. Acho que implica tanta coisa. Antes de falar eu te amo, você deve pensar, não ri tá, "seria capaz, caso fosse necessário de doar um dos meus rins para a pessoa que julgo amar". Se mentalmente a resposta for sim. Pode falar eu te amo.
Ainda temos São Paulo né: o amor é paciente, compassivo, nao guarda rancor.

Abraços.

Bruna disse...

Bem... Inteligência, senso de humor, sensibilidade e virilidade.
Tudo é importante. Tudo faz parte do amor a dois. E cada um em seu momento.

Mas por que justificá-lo, procurá-lo, racionalizá-lo? O amor é pra se sentir... sem explicar!

Beijos.

Mário Cesar Filho disse...

Lindo texto! Realmente procuramos perfeição onde não existe. Queremos alguem que pense como nós, que age como nós, que esteja sempre a frente do nosso tempo. Acaba que nos frustrando sempre... até achar um amor verdadeiro. Se antes você buscava explicações para sua falta de amor, agora vc não pára nem para analisar, raciocinar, justificar... vc está envolvido com amor que faltava em sua vida...
o problema é achar esse amor. Bom te rever em meu blog. Beijos

Leila Souza disse...

O mais legal é que quando o amor realmente existe, nem precisamos tentar buscá-lo, identificá-lo, definí-lo. Nós o sentimos e temos certeza do que é. Quando isto acontece, perebmos que nem precsamos mais de tantas explicações, tantas racionalizações.